Marcelo Marino wrote:
Então, mas você considera que reduzindo a carga horária obrigatoriamente a produção reduz. Eu te digo que é possível manter ou até mesmo aumentar a produção com a redução da carga horária. Mas o empregador tem até arrepios se ouve isso. Na verdade ele se importa mais com horas do que com produção e eu acho um erro brutal isso.
Se a produção vai se manter a mesma não existe motivo para ninguém pagar nada.
em momento algum considerei que redução de carga de trabalho é igual a diminuição da produção, tanto que até considerei as possíveis benesses. O empresário esperto deseja o melhor custo benefício, se o melhor custo benefício é com redução da carga de trabalho ele será favorável a isso, mas talvez a legislação brasileira não seja muito propícia a fazer o empreendedor pensar dessa maneira. Para a redução da carga de trabalho manter a produtividade preciso de funcionários mais eficientes, e isso não se conquista de uma hora para outra, portanto em curto e médio prazo posso considerar que redução de carga de trabalho é igual a mais postos de trabalho, mais funcionários, mais imposto para pagar, maior chance de problemas trabalhistas, mais gente para se preocupar, e por ai vai. Lógico que pensando superficialmente a resolução parece óbvia, mas quando nos colocamos na pele do empresário, principalmente pequeno e médio empresário, a coisa muda. O problema do nosso país é que as escolas são baseadas nas concepções do gilberto freire, todo mundo termina o colegial com a ideia de que a sociedade é polarizada, o empresário é o burguês filho da puta explorador do proletariado, que ganha fortunas em cima do trabalhador honesto.
Marcelo Marino wrote:
Não sei bem de quem você está falando que está saindo da França, mas com a crise na Europa muitas pessoas foram trabalhar em outros países. Crise é uma coisa passageira e pode ter certeza que eles vão sair do "buraco" e pode ter certeza também que os trabalhadores vão voltar para o seu país de origem.
Se está falando dos milionários que vão para Mônaco para não pagar imposto, que se danem. Eles não pagam os impostos mesmo, tchau, o país tem uma classe média forte o suficiente para se manter.
gosto desses paradoxos, se a classe média é forte o suficiente para se manter pq precisa aumentar a carga tributária dos mais abastados?
Marcelo Marino wrote:
Esse merecimento que você fala é uma coisa discutível. Eu escolhi a minha profissão por gosto e não pelo salário. Enquanto você estava estudando, seu irmão poderia já estar trabalhando por ter escolhido uma profissão que precisa de menos estudo. E outra é difícil dizer quem merece mais. Quer um exemplo?
Enquanto eu estou lá sentado, no ar condicionado, o operário da obra está carregando saco de cimento na cabeça ou pior, está cavando terra dentro de um buraco sob um calor infernal. Ah mas o trabalho braçal não é valorizado e sim o intelectual.
Te dou um outro exemplo. Um operador de guindaste tem uma responsabilidade do cão, tem que estudar para mexer aquela porra toda direito e eu... estou lá no ar condicionado. São responsabilidades diferentes, são trabalhos importantes para a realização de uma obra e ninguém é melhor do que o outro. Cada um escolheu o que queria fazer da vida.
não sou eu quem determina os salários, é o mercado, cabe a nós aceitá-lo ou não, cada um fez as próprias escolhas ponderando os possíveis riscos e retornos.
o operário carregando saco de cimento tem que responsabilidade social no emprego dele? se ele não fizer o trabalho direito vai acontecer o que? atrasar a entrega da obra. E se o engenheiro não fizer o trabalho dele direito, o prédio cair, calcule os riscos de cada posição... se o pedreiro cagar na mistura do cimento e ferrar a obra quem assume a responsabilidade? o engenheiro que deveria estar fiscalizando e assinou o projeto. A disparidade me parece plausível, no BR ela é acentuada por questões sociais, em SP falta engenheiro competente, mas pedreiros chegam centenas diariamente de pau de arara, lei do mercado.
Marcelo Marino wrote:
Um amigo trabalhou como engenheiro na Inglaterra e ganhava pouco mais de um salário mínimo, acho que umas 300 libras a mais que um jardineiro, um operário. Por que ele deveria ganhar 10, 20 vezes mais que o outro?
E outra, o que você talvez não perceba é que muita gente ganha com uma sociedade mais igual. Se você for a um país com uma distribuição de renda melhor olhe as pessoas e veja que não da para saber quem é pobre quem é rico. Isso é fantástico, todos tem uma vida do mesmo nível, podem frequentar os mesmos lugares, ter os mesmos hábitos.
Não é só questão de dinheiro (é também). Eu tenho certeza que viveria melhor na França com menos dinheiro do que aqui com mais.
Acho que conseguiria escrever uma página aqui sobre isso, mas não vai adiantar. Tem que ir, observar e ver que é muito melhor assim.
Não estou aqui dizendo que o salário tem que ser igual para todo mundo (detesto o comunismo), tem que ser mais próximo um do outro, não 10x,20x maior.
- quando pensamos nos salários em londres voltamos a questão do mercado
- não me iludiria com essa "igualdade", certamente são menos desiguais que por aqui, mas um exemplo claro é observar as pessoas que andam de metrô e ônibus em Paris, no metro praticamente todo mundo anda, já no ônibus, que atende áreas mais suburbanas o perfil de usuário é bem diferente, dá para ver perfeitamente que no ônibus o sangue da joana d'arc corre bem menos, o mesmo serve para Boston, NY, Londres, Barcelona, São Paulo. Essa desigualdade também se observa nos restaurantes, nas universidades e nos parques e praças mais centrais.
- a minha opinião é que a vida na europa não é melhor pq a desigualdade é menor, é pq lá a educação é valorizada (não sei quanto aos imigrantes) há anos, brasileiro valoriza diploma não educação de qualidade. Nossa falta de preparo para o mercado nos faz extremamente pouco atrativos para o investidos estrangeiro por falta de mão qualificada, e pouco competitivos no mercado externo por falta de eficiência, junte a isso o fato de termos leis que dificultam a vida do empresário (abrir e fechar empresas, contratar e demitir funcionários), impostos altíssimos para manter uma máquina burocrática estatal ineficiente, e a cultura brasileira de depender do paternalismo do Estado temos tudo para continuar com todas essas desigualdades que você não gosta e continuar dependendo de programas do governo de redistribuição de renda e injeção irresponsável de dinheiro na economia para continuar parecendo que está indo tudo bem.
O BR deve ser o país não comunista do mundo que tem a maior proporção de adulto economicamente ativo afastado do trabalho para ficar estudando para concurso público, e muitas vezes não é um cara mal preparado, é um cara bem preparado, que fez uma boa faculdade, que o mercado certamente desejaria, que em qualquer outro lugar do mundo teria todas as condições de crescer profissionalmente, e aqui prefere ficar 3, 4 anos estudando para virar burocrata e trabalhar para o governo que tanto critica, tem alguma coisa muito errada.
minhas férias estão acabando, devo desaparecer novamente