Como sempre, qualquer discussão sobre o L'Etape tem mais comentário sobre preços e gourmetização do esporte.
Eu fiz a prova em 2016 em Cunha. Gostei da prova e não fiz de novo porque não queria fazer o mesmo circuito de novo em 2017, e depois saí do país. Do contrário, eu teria ido novamente em Campos do Jordão porque é uma das poucas provas em que se realmente roda na estrada ao invés de um retão de 1km de avenida com curva em U, ou num condomínio em construção. O percurso é legal (teria gostado mais se tivesse ido em forma e se tivesse um pouco mais de plano, em Cunha só tinha subida e descida). Também não se divide a estrada com carros e o reabastecimento é generoso. Achei tosco ter que descer da bike e pegar tudo nas mesas. Para mim isso não foi um problema muito grande, mas se você estiver disputando a liderança ou preocupado com o tempo de prova, vai ter que se virar com gel no bolso e duas caramanholas. No mínimo, podiam dar garrafinhas na beira da estrada pra só ter que descer quem quisesse pegar comida.
Na época paguei algo perto de R$ 700, mais duas noites de hotel, aluguel de carro, gasolina etc., e a brincadeira toda saiu por pouco mais de mil reais. Então, vale? Se você consegue pagar, e tem vontade de fazer provas com uma cara mais profissional, só "vale" porque não há outras opções. É isso ou rodar mais um final de semana no acostamento, ou pagar R$50 no ingresso de cinema para ver um filme dublado. É muita grana, mas, como disseram, a organização se safa com isso porque não há outras provas com o mesmo tipo de suporte.
Realmente, lá tem muita pagação, muita Pinarello, grupos eletrônicos, até algumas rodas Lightweight. Seria pagação deles, ou inveja minha? Provavelmente os dois. Mas na boa, e daí? Cada um gasta o dinheiro como quiser e puder.
Falaram aqui da Rapha também, porque tem um monte de gente esnobe rodando de Rapha por aí, e no exterior também é um pouco assim. O RCC também parece alimentar essa cultura. Mas queria aproveitar a deixa para dizer o seguinte: A Rapha tem lojas muito bacanas e que funcionam também como um local de palestras. Recentemente em NY eu fui assistir a três eventos ensinando a fazer bikepacking, de graça. Não precisava comprar nada. De vez em quando eles também trazem convidados. Acho que o Erik Zabel vai lá essa semana, e o Jens Voigt na próxima. Isso incentiva vendas? Com certeza, mas compra coisa lá quem quiser. Além disso, a linha "core" tem um bom custo-benefício. Uma camisa por $80 não é muito mais do que outras marcas cobram e o material é bom. Outras marcas por aí cobram valor parecido por artigos piores e não tem a mesma fama. Vai ver é porque elas não tem lojas físicas que oferecem cursos, trazem atletas, etc. de graça.
